Em meu convívio com muitas mulheres, por meio do ALMA – Aceleradora de Liderança para Mulheres Autênticas, seja nas turmas abertas ou nas turmas in company e por meio do IVG – Instituto Vasselo Goldoni - no programa de mentoria Nós por Elas, me deparo constantemente com mulheres que estão estagnadas em sua vida por conta do medo.
Neste artigo, quero expor alguns dos medos mais abordados para iniciar o processo de ressignificação para uma nova perspectiva de vida.
Medo do julgamento;
Não ser bem-sucedida na vida pessoal e profissional ao mesmo tempo;
Medo de sua independência assustar o parceiro;
Medo da violência contra a mulher;
Medo da solidão;
Medo de não poder ser autêntica.
O medo do julgamento: Um dos relatos mais fortes é relacionado ao julgamento, principalmente, para aquelas mulheres que desde pequenas ouviram como devem se comportar perante a sociedade. Depois de adultas continuam vivendo sob o viés do olhar alheio. Ocorre que, esse comportamento engessa a essência e autenticidade. Passam a viver o que é bom, aceitável pelos outros e se esquecem das coisas mais simples que trazem a felicidade. Honram o sobrenome pessoal e corporativo, mantem a reputação ilibada e buscam a perfeição em tudo que entrega, afinal, o mundo as observam. Contudo, chega um momento na vida que essa postura se esgota, tornando o dia a dia insustentável, trazendo como consequência a perda da própria identidade. Geralmente, carregam um peso enorme por sustentar tanta autocobrança.
Não ser bem-sucedida na vida pessoal e profissional ao mesmo tempo: Para muitas mulheres, o sucesso profissional está mais relacionado ao equilíbrio entre carreira e vida pessoal do que ao salário, reconhecimento ou possiblidade de crescimento nas empresas. A constatação é da pesquisa Defining Success. Mas o grande dilema é como encontrar esse equilíbrio. Muitas mulheres tendem a focar em apenas uma frente: pessoal ou profissional, e quando se dão conta, o tempo passou, e infelizmente, esse tempo não volta mais. Por isso, quanto antes houver a definição de objetivos claros nas duas áreas e autoconhecimento aplicado, mais fácil será viver em equilíbrio.
Medo de que a independência intelectual, emocional e financeira assuste a pessoa com quem convive: Considero a geração das décadas de 60 e 70 aquela nascida sob o modelo de submissão absoluta, ou seja, vivenciado por outras mulheres “servindo e auxiliando” seus maridos, dependentes emocionalmente e financeiramente. Com o passar dos anos, aprendemos que o respeito e a individualidade importam menos e passamos a buscar mais espaços para construir sonhos individuais que podem ou não serem compartilhados. Ocorre que, houve um choque muito dramático nesse desenlace. Muitas mulheres ainda buscam essa “luz no fim do túnel” e por incrível que pareça, encontra resistência das pessoas que mais deveriam apoiá-las. Ainda nutrem uma crença da escolha: estudo ou cuido da família; trabalho ou dou sustentação para marido; se trabalha e começa a ganhar mais que o marido surge a insegurança e muitas optam por darem um passo atrás e se diminuem para não desagradar o outro. Ou seja, um dilema enfrentado por muitas mulheres.
Medo da violência: A violência pode ser física, moral, emocional ou financeira – que surge, principalmente, quando a insegurança do homem está latente, ou seja, precisa usar de subterfúgios para tentar conseguir a submissão da mulher. O feminicídio cresceu cerca de 5% no último ano, como mostra o levantamento exclusivo do Monitor da Violência - um projeto para monitoração entre o G1, o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública - foram mais de 1,4 mil mortes motivadas pelo gênero. Esse medo surge de forma espantosa, pois muitas mulheres se recolhem ao microespaço para não viverem ameaçadas. Muitas desistem dos seus sonhos, abandonam carreiras e amigos. Esse medo da violência também está presente no mundo organizacional, muitas mulheres não se posicionam pelo pavor de se exporem e serem interrompidas, muitas deixam de denunciar um assédio e outras passam adotar um comportamento masculinizado para enfrentar esse mundo. Esses fatos são mais comuns do que podemos imaginar.
Medo da solidão: A solidão para muitas mulheres é um motivo para não abandonar as circunstâncias que as fazem sofrer. O mais interessante nesse medo é que elas não vislumbram desfrutar da própria companhia, afinal não sabem identificar o amor-próprio. Por medo da solidão, continuam na empresa que não as satisfazem, continuam com relacionamentos tóxicos, com amizades sem propósitos e a vida vai passando.
Medo de não poder ser autêntica: A autenticidade requer o profundo conhecimento da própria essência. Quando ouvimos relatos de mulheres que não podem demonstrar a sua autenticidade, sempre as questionamos: qual é a sua verdade, quem é você? Afinal, mulheres autênticas, sabem expor suas ideias: não escondem sua opinião. Seguem suas intuições e desejos: são movidas por seus valores e fazem aquilo que desejam. Respeitam a si mesmas. Valorizam os outros. Se conhecem bem. Cuidam de si. Não julgam. Há um longo percurso para viver em estado de autenticidade, principalmente, escolhendo conviver com pessoas que respeitem esse estado.
O que fazer? Como relatei no início, esses medos são bem mais comuns do que podemos imaginar. Muitas mulheres não sabem como mover-se na direção de uma vida mais equilibrada e com pessoas que as respeitem, incentivem e celebrem conquistas. O primeiro passo para uma mudança é investir na autopercepção e autoconhecimento minha sugestão é que você faça uma lista com suas 50 qualidades, seus 50 valores e ao lado das qualidades e valores coloquem as atitudes que você precisa tomar para passar a agir conforme seus valores. Outra sugestão é filtrar pessoas, lugares e sentimentos que contribuem positivamente para sua evolução e passar a buscar mais momentos nesse entorno. Invista sempre em seu autoconhecimento! Nada melhor do que se tornar a sua melhor companhia, afinal quando você mesmo gosta de si e se valoriza, você atrairá pessoas que também te valorizará. Os medos são comuns para os seres humanos, o que precisamos fazer é torná-los conscientes para que possam ser tratados. E deixo aqui a minha pergunta: você está preparada para viver plena de si?
Artigo escrito por Luciana Passadori em 11 de maio de 2023
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